​”Não é liderança climática. É hipocrisia climática”: Cúpula dos Povos denuncia países ricos com “mãos vazias” e exige reparação histórica

    ​ Coletiva de imprensa, realizada na Casa da Cúpula dos Povos para avaliar a Cúpula dos Líderes que finalizou nesta sexta-feira critica falta de compromisso com o fim dos combustíveis fósseis, alerta para a captura de mecanismos de proteção da Amazônia pelo mercado e reafirma a agenda de luta em seis eixos temáticos. A articulação lançou uma nota com posicionamento político ​BELÉM, PARÁ (BRASIL), 7 de Novembro de 2025 – Em um contraponto direto à Cúpula de Líderes da COP30, os movimentos sociais e organizações populares que compõem a Cúpula dos Povos realizaram uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (7) para demarcar sua posição e denunciar a inércia dos países do Norte Global. O evento ocorreu na Casa da Cúpula dos Povos, Belém (PA), e reuniu representantes da Articulação Climática Global (CAN Internacional), do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), da Campanha Global por Justiça Climática (DCJ) e da Via Campesina (LVC). ​A COP da “verdade vazia” e a injustiça do financiamento ​A crítica central foi direcionada à ausência de compromissos reais por parte das nações ricas. Jacobo Ocharan (CAN Internacional/México) destacou a expectativa sobre a COP30 ser a “COP da Verdade”, mas lamentou a falta de ação concreta: “Até o momento há pouca verdade e muito vazio de compromisso por parte dos países historicamente responsáveis pela crise climática.” ​Ocharan denunciou que os países ricos chegaram “com as mãos vazias, sem planos nacionais (NDCs) realistas nem compromissos concretos com a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis.” ​Transição energética injusta e racismo ambiental ​A representante brasileira Isabely Miranda (MAM/Brasil) questionou o conceito de “transição energética” promovido pelos governos, caracterizando-o como uma mera “expansão energética” imposta de cima para baixo. A militante do MAM criticou o modelo de transição baseado na exploração de minerais e a disparidade entre hemisférios. Ela ressaltou que as soluções devem partir das comunidades, pedindo compromisso real das corporações que causam a degradação: “As grandes mineradoras, as indústrias e o agronegócio precisam parar de nos matar e de matar a natureza.” ​Reparação, não caridade: A crítica à hipocrisia climática ​O ativista Tyrone Scott (DCJ/Reino Unido/Jamaica) trouxe a voz dos pequenos países insulares, lembrando o recente furacão Melissa na Jamaica e denunciando a dívida e a exploração histórica. ​Scott foi incisivo ao condenar a hipocrisia das nações que lucraram com o colonialismo e a escravidão: “O que o mundo precisa não é de caridade, mas de justiça.” ​Ele criticou o uso de mecanismos de mercado e condenou governos que expandem a exploração de combustíveis fósseis: “Não é liderança climática. É hipocrisia climática.” ​Essa mensagem foi reforçada por Jyoti Fernandes (La Via Campesina/Reino Unido/Índia): “Reparações, não caridade.” A LVC defende um financiamento climático público, rejeitando o modelo de financiamento privado, condicionado e de caráter neocolonial, e afirma: “Acreditamos na vida. E é por ela que lutamos.” ​Convergência de lutas e eixos estratégicos ​Beatriz Moreira (Secretária Operativa da Cúpula dos Povos/MAB) relembrou que o processo da Cúpula iniciou-se há dois anos e hoje reúne mais de 1.100 organizações, iniciando em Belém em solidariedade às vítimas de violência no Pará. ​A Cúpula dos Povos está organizada em seis eixos estratégicos que guiam suas plenárias e mobilizações: ​Justiça Climática e Reparação. ​Transição Justa, Popular e Inclusiva. ​ *Soberania Alimentar. ​Direitos Territoriais e das Florestas.* ​Internacionalismo e Solidariedade. ​Perspectivas Feministas e dos Povos nos Territórios. ​Beatriz finalizou reforçando a autonomia e a capacidade de organização dos movimentos: “Se existe uma solução para o desequilíbrio que vivemos, ela está em nós — nos povos que habitam e defendem os territórios.” ​Próximos passos ​A Cúpula dos Povos terá uma intensa programação a partir do dia 12, focada em plenárias de discussão sobre os seis eixos de atuação, construção da Carta dos Povos, barqueata, marcha por Justiça Climática, banquetaço e audiência com a presidência da COP 30. Foto:Samara Silva/EficazPress

BARQUEATA INTERNACIONAL DE CARBONO ZERO CHEGA A BELÉM PARA DESAFIAR O LOBBY FÓSSIL DA COP 30

BELÉM, PA – Uma frota de seis veleiros, batizada de Flotilla for Change (Flotilha pela Mudança), está a caminho de Belém, trazendo uma delegação de cerca de 50 ativistas, cientistas e delegados de diversas partes do mundo. A mobilização transcontinental, que tem como navio-bandeira o Sababa (que partiu da Nova Zelândia e navegou 17.500 milhas), é um ato de protagonismo popular e de descarbonização em prática, contrastando com o alto impacto de carbono da aviação que movimenta a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). A Flotilha, organizada em solidariedade aos Eixos de Convergência da Cúpula dos Povos, materializa a urgência da Justiça Climática e a defesa dos territórios e “maretórios”. A viagem, que incluiu paradas em Santa Cruz de Tenerife e Mindelo, Cabo Verde, trouxe para a Amazônia vozes cruciais do Sul Global, como a da ativista Melody Barry-Yobo, de Ogoniland, Nigéria, que uniu a luta contra a extração de combustíveis fósseis no Delta do Níger à causa amazônica. O Confronto de Narrativas Ao chegar a Belém, a missão da Flotilha é clara: disputar a narrativa da conferência oficial, que, segundo ativistas, é dominada por interesses corporativos. “Nós queremos fazer frente à indústria fóssil. Ela estará novamente na Conferência, fará um lobby massivo e por isso é tão importante que o movimento global pela Justiça Climática também esteja lá,” afirma Katharin Henneberger, ex-membro do parlamento alemão e tripulante do Flotilla 4 Change. A iniciativa dos ativistas de viajar em embarcações serve como um laboratório flutuante e uma demonstração pública de que a liderança climática começa com a prática, rejeitando o transporte de alta emissão. Ciência Cidadã e Diversidade a Bordo A bordo dos veleiros, a tripulação opera como um laboratório de ciência cidadã, realizando pesquisas sobre a saúde dos oceanos, incluindo o monitoramento de plástico e a coleta de dados de vida selvagem e qualidade da água. A composição da tripulação é um reflexo direto do compromisso da Cúpula com a diversidade: a bordo estão trabalhadores da terra e do mar, ativistas antirracistas e LGBTQIA+, cientistas, delegados e jovens de diversas nacionalidades. A Flotilha exige que seus membros passem por treinamentos obrigatórios de Sensibilidade Cultural e Antirracismo, reforçando que a luta climática é inseparável das pautas sociais. Agenda em Belém A Flotilha estará em Belém até o final de novembro e tem uma agenda intensa na Cúpula dos Povos: 13 a 14 de novembro: Participação na programação da Cúpula dos Povos, com foco no Eixo “Territórios Vivos e Maritórios, Soberania Popular e Alimentar”. 14 de novembro: Realização de um Evento de Mesa Redonda e Escuta/Aprendizagem a bordo do barco Rainbow Warrior, atracado na Universidade Federal do Pará (UFPA), Rua Augusto Corrêa, 01. 15 de novembro: Adesão massiva à Marcha Popular de encerramento da Cúpula.

Mobilização histórica em Belém por justiça climática global tem intensa programação paralela à COP 30

Organizada há mais de dois anos e construída coletivamente por cerca de 1.100 movimentos sociais, organizações comunitárias, entidades territoriais e redes internacionais de defesa dos direitos humanos e da justiça climática, de 62 países, a Cúpula dos Povos na COP30 se apresenta como uma resposta autônoma e popular à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30). O evento ocorrerá de 12 a 16 de novembro próximo, em Belém/PA, e nasce do entendimento de que a crise climática não pode ser tratada apenas como um problema técnico ou diplomático, mas como uma questão profundamente social, vivida nas comunidades e diretamente relacionada às desigualdades históricas que afetam povos originários, populações tradicionais, juventudes periféricas, trabalhadores/as do campo e da cidade. Ao contrário da Conferência oficial, estruturada em espaços de negociação dominados por governos e corporações, a Cúpula dos Povos se estabelece num território político autônomo, direcionado à construção coletiva de soluções elaboradas a partir das experiências concretas de quem enfrenta cotidianamente enchentes, secas, contaminação industrial, avanço do agronegócio, expulsões territoriais e violações ambientais. Por isso, a Cúpula é apresentada não como um evento paralelo, mas como o verdadeiro palco popular da justiça climática. A mobilização surge em um momento de forte cobrança internacional sobre o papel do Brasil na presidência da COP 30. Depois de uma COP 29 considerada decepcionante pelos movimentos sociais, sobretudo,  pela ausência de metas vinculantes de financiamento climático e pela ampla margem dada a empréstimos que podem aumentar a dependência econômica dos países mais vulneráveis, cresce a expectativa de que o país possa exercer um protagonismo mais coerente com sua importância socioambiental. Os movimentos sociais defendem que o Brasil só poderá liderar a agenda internacional se reconhecer e dialogar diretamente com os povos que protegem a Amazônia e demais biomas. Desde 2023, mais de 500 organizações já assinaram a carta política da Cúpula, que foi entregue ao presidente Luiz Inácio LULA da Silva, ao Itamaraty e aos órgãos operacionais ligados à COP 30. O documento destaca que “países tomadores de decisão têm se omitido ou apresentado soluções absolutamente ineficientes”, ao mesmo tempo em que “investimentos que alimentam as mudanças climáticas têm crescido”, enquanto direitos territoriais seguem ameaçados. A experiência da Cúpula dos Povos se inspira na mobilização realizada durante a Rio+20, em 2012, quando mais de 20 mil pessoas construíram um espaço de formulação popular que tensionou a agenda oficial das Nações Unidas e consolidou uma referência histórica de resistência global. Agora, porém, a dimensão é ainda maior: a expectativa é reunir 30 mil pessoas em um encontro guiado por seis eixos centrais que estruturam as convergências políticas e territoriais do evento. O que a Cúpula dos Povos na COP30 pauta? Os eixos abrangem desde a defesa da soberania alimentar e dos territórios até a transição energética justa, o enfrentamento ao poder corporativo, a democratização do acesso aos bens comuns e a luta contra o racismo ambiental. Neles também está o compromisso de promover soluções climáticas baseadas nos modos de vida tradicionais, reafirmando que as respostas à crise estão nos territórios, e não nos mercados financeiros ou nos laboratórios corporativos. Sara Pereira, da FASE Programa Amazônia, resume o sentido dessa centralidade: “Não é possível pensar numa COP 30 em que a discussão da pauta climática não seja pautada na justiça climática. Não haverá transição justa enquanto não houver direitos garantidos aos povos tradicionais”. Para ela, os territórios já produzem a solução concreta que o mundo procura: “Esses territórios manejam a floresta, manejam as águas de forma equilibrada”. Ayala Ferreira, do Movimento Sem Terra (MST), aponta para a necessidade de denunciar falsas soluções, mas apontar caminhos para soluções concretas vindas dos povos e territórios. “Temos reforçado que a solução vem dos territórios, daqueles que lidam com o campo, as florestas e as águas desde os seus modos de vida. Por isso, para além de termos credenciais para atuarmos no setor dos acessos oficiais da COP30, construímos a Cúpula dos Povos como esse espaço plural de escuta e proposições, apontando para soluções verdadeiras, necessárias e urgentes frente à crise climática, como a reforma agrária popular e as amplas iniciativas de reflorestamento, recuperação de nascentes e produção de alimentos saudáveis.” Marcio Astrini, do Observatório do Clima, reforça que a Cúpula cumpre um papel histórico na disputa da narrativa global: “A participação dos movimentos sociais é crucial para disputar a agenda climática e garantir que os recursos sejam investidos corretamente, ajudando a diminuir as desigualdades sociais e não as aumentar”. Yuri Paulino, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), diz que a Cúpula dos Povos está focada na participação direta da sociedade civil e por isso a programação foi construída para fortalecer o protagonismo de quem enfrenta os impactos da crise climática no cotidiano, e não daqueles que apenas negociam soluções no plano institucional. Crianças e adolescentes também se mobilizam para discutir temas durante a COP-30    Pela primeira vez desde a realização da primeira Cúpula dos Povos, em 1992, crianças e adolescentes de organizações da sociedade civil, estarão concentrados  no campus Guamá da UFPA. Terão um espaço de protagonismo dentro da programação para opinarem sobre os temas que serão debatidos na COP-30, com cirandas, rodas de conversa, música, danças e outras atividades com metodologia adaptada para crianças desde a primeira infância até a adolescência. Salomão Hage, professor da Universidade Federal do Pará e coordenador-geral da Cúpula das Infâncias, explica que o propósito de realizar um movimento específico com e para as crianças surgiu do consenso de que não é possível discutir temas como justiça social, mudanças climáticas, racismo e justiça ambiental e outros assuntos da agenda do clima sem garantir a voz e a participação de quem, de fato, terá seu futuro e desenvolvimentos mais afetados por qualquer decisão tomada na atualidade. “O movimento da infância precisa estar envolvido no debate autônomo feito durante a Cúpula dos Povos.  E as crianças e adolescentes devem participar de modo livre e sem intermediários.” Programação da Cúpula dos Povos na COP30 O início das atividades acontece no dia 12 de

Cúpula dos Povos e movimentos entregam ofício ao MPF contra uso da GLO, risco de militarização da COP30 e ameaça à participação democrática

A Cúpula dos Povos junto a movimentos e organizações da sociedade civil entregou ofício ao Ministério Público Federal em que manifesta “profunda preocupação” com o uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) durante o período de realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será sediada em Belém. Teme-se a militarização do evento e riscos à livre participação popular. O ofício foi entregue ao Procurador-Chefe dos Direitos do Cidadão, Nicolao Dino durante evento de Pré-COP do Ministério Público Federal (MPF), realizado nesta segunda-feira (20) em Belém. O documento tem como título “Sobre a indesejada militarização da COP30 e a necessária garantia de participação da sociedade civil e movimentos sociais”. A entrega foi realizada por representantes da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – Núcleo Pará (ABJD/PA), Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Terra de Direitos. O documento expressa preocupação com a iminente decretação de GLO durante a COP30, um instrumento de exceção que autoriza o uso das Forças Armadas em situações excepcionais de grave perturbação da ordem pública. O instrumento, formalizado pela Lei Complementar nº 97/1999, tem origem em práticas adotadas durante o regime militar, quando as Forças Armadas eram mobilizadas para controle da ordem interna. Para as organizações, o eventual uso caracterizaria uma indevida militarização de um evento civil e ambiental, colocando em risco os direitos fundamentais de manifestação, reunião e livre expressão e a participação democrática da sociedade civil. O documento também busca resguardar a segurança de defensores e defensoras de direitos humanos e garantir condições seguras para as mobilizações populares durante o evento. O ofício destaca que o uso da GLO em eventos civis é juridicamente inadequado, desnecessário e desproporcional, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal na ADI 6457, que restringe sua aplicação a situações excepcionais e apenas após o esgotamento dos mecanismos ordinários de segurança pública. O texto reforça que não há ameaça concreta à ordem pública que justifique o uso das Forças Armadas na COP30 e que a preocupação das autoridades parece estar voltada aos protestos sociais e não à segurança pública. “As manifestações são instrumentos legítimos de fortalecimento da democracia e da luta climática, e não ameaças à ordem”, afirma o documento. As entidades alertam ainda que o Brasil deve garantir que a COP30 ocorra em ambiente de respeito, inclusão e liberdade, e que a militarização de um evento dessa natureza contraria os princípios constitucionais e internacionais de direitos humanos. Histórico de repressão e dever de não repetição As organizações lembram que o Brasil tem um histórico de criminalização de movimentos sociais e repressão violenta a protestos, especialmente na Amazônia, como o massacre Eldorado dos Carajás, a construção de Belo Monte, repressões a quilombolas, estudantes e defensores ambientais. O texto também menciona a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Antônio Tavares Pereira, que condenou o Estado brasileiro por uso desproporcional da força, determinando, entre outras medidas, o dever de não repetição de práticas repressivas e violadoras de direitos humanos. “A militarização não protege a ordem, apenas multiplica a violência e reforça o racismo institucional, atingindo de modo seletivo lideranças negras, indígenas e de comunidades tradicionais”, afirmam as signatárias. Garantia de participação O ofício reafirma que o objetivo de sediar a COP30 na Amazônia é dar visibilidade aos povos e comunidades que enfrentam diretamente os efeitos da crise climática e não isolar a população local das decisões globais sobre o futuro do planeta. O documento repudia “qualquer cordão de isolamento militar que limite a interação entre os diversos atores e atrizes que estarão em Belém”.

Sindicalismo é força motriz da transição justa, pauta que corre risco de captura corporativa, alerta Sebastián Ordóñez na Pré-COP Sindical em Brasília

Durante a Pré-COP Sindical, realizada em Brasília nos dias 9 e 10 de outubro, Sebastián Ordóñez Muñoz, representante da organização britânica War on Want e integrante da Comissão Política da Cúpula dos Povos rumo à COP30, fez um forte alerta: a pauta da transição justa foi originalmente levantada pelo movimento sindical, mas corre o risco de ser esvaziada e apropriada por interesses corporativos. Ordóñez destacou que a transição justa nasceu como uma bandeira do sindicalismo internacional, enraizada na defesa de direitos, na justiça social e na transformação estrutural da economia. No entanto, segundo ele, “estamos em um momento em que essa bandeira corre o risco de ser convertida em uma ferramenta de mercado, sem direitos nem justiça, é mais urgente do que nunca defender sua raiz transformadora”. Em sua intervenção, o dirigente falou também em nome da War on Want, organização com raízes sindicais no Reino Unido, nascida há quase 75 anos do movimento dos trabalhadores britânicos e que, hoje, atua em aliança com movimentos do Sul Global em defesa da justiça econômica, da solidariedade internacionalista e da transformação sistêmica. “Estamos no Norte Global, mas comprometidos com a luta dos povos do Sul porque é ali que se sente com mais força o peso da desigualdade e do modelo extrativista que precisamos transformar”, afirmou. Sebastián situou o debate sobre a transição justa no contexto de uma crise sistêmica e interligada, que combina colapso climático, aumento da desigualdade, perda de direitos e erosão democrática. “Vivemos um momento em que todas as crises estão entrelaçadas: a crise climática, a desigualdade, a perda de direitos, a erosão da democracia. São expressões de um mesmo sistema de capitalismo predatório, baseado na extração e na desigualdade estrutural, o que alguns descrevem como uma economia de intercâmbio desigual entre o Norte e o Sul”, afirmou. Ao comentar as discussões do dia anterior, Ordóñez citou exemplos concretos que revelam o caráter global e desigual da crise. No mundo árabe, observou, os sindicatos enfrentam contextos autoritários e economias dependentes do petróleo, ao mesmo tempo em que trabalhadores migrantes sofrem novas formas de exploração, inclusive em setores considerados “verdes”. Ele também chamou atenção para a militarização crescente e o aumento dos gastos com defesa que alimentam conflitos e desviam recursos essenciais da ação climática. E para o fato de que o colapso climático já atinge diretamente a classe trabalhadora, exposta ao calor extremo, à escassez de água e a condições de trabalho cada vez mais inseguras. “Esses exemplos nos lembram que a transição justa é, antes de tudo, uma luta trabalhista. E diante da extrema direita, que manipula a ciência e o medo, nosso desafio é politizar o debate, conectar a luta por trabalho e dignidade com a luta por clima e justiça”, destacou. Ordóñez defendeu que o sindicalismo não deve apenas levar sua própria agenda às negociações climáticas, mas atuar como força impulsionadora de uma agenda ampla de transformação, que una as lutas dos povos e confronte os sistemas que perpetuam a desigualdade e a destruição ambiental. Ele elogiou a iniciativa da Confederação Sindical Internacional (CSI), da Confederação Sindical das Américas (CSA) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em promover a Pré-COP Sindical, destacando o espaço como um exercício de “minga” , conceito andino que remete ao trabalho coletivo, solidário e transformador. A Cúpula dos Povos, que acontecerá de 12 a 16 de novembro em Belém, foi apontada por ele como um espaço estratégico para tecer alianças entre sindicatos, movimentos sociais e redes globais, e consolidar uma agenda comum por uma Transição Justa, Popular e Inclusiva, tema do Eixo 3 do processo da Cúpula. “O sindicalismo pode, mais uma vez, ser a força que una nossas lutas e nos lembre que a transição não é um sacrifício, mas uma conquista coletiva”, concluiu. Foto: Naira Leal

Representantes da Cúpula dos Povos participam da Pré-COP Sindical em Brasília com destaque para o debate sobre transição justa

A Confederação Sindical Internacional (CSI), a Confederação Sindical das Américas (CSA) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizaram, nos dias 9 e 10 de outubro, em Brasília, a Pré-COP Sindical. O encontro reuniu lideranças sindicais de diversos países e contou com a participação de representantes da Comissão Política da Cúpula dos Povos, que levaram os debates acumulados no processo de construção da Cúpula, especialmente em relação à transição justa, um dos seus eixos temáticos. Durante o evento, em mesa mediada por Sebastián Muñoz, a presidente da CUT Pará, Vera Paoloni (CUT), o coordenador nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA/Via Campesina)Anderson Amaro, e coordenador político da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas, Iván González (CSA) apresentaram o processo de construção da Cúpula dos Povos, destacando os princípios que orientam a construção coletiva, o espírito de unidade na diversidade e as principais orientações políticas para o diálogo com o governo. Também foram apresentados o cronograma da Cúpula, que ocorrerá de 12 a 16 de novembro em Belém, e a importância de criar espaços de atuação dentro e fora das negociações climáticas. Uma delegação sindical composta majoritariamente por representantes da América Latina, mas também de África, Ásia e Europa, discutiu a conexão entre a agenda da Cúpula e os objetivos internacionais dos sindicatos, em especial a estratégia sobre transição justa e outros temas que serão debatidos na COP30. O diálogo também abordou a necessidade de articular a atuação sindical internacional com a mobilização da Cúpula dos Povos. A Cúpula abriu convite para que os sindicatos se envolvam no enriquecimento dos eixos da Cúpula, levando a voz dos trabalhadores para as discussões e participando da mobilização massiva do dia 15 de novembro. Os sindicatos também foram convidados a colaborar no diálogo que apresentará a declaração final ao presidente da COP, embaixador Correa del Lago, que participou da Pré-COP Sindical junto com representantes do governo brasileiro. Por fim, os representantes da Cúpula reafirmaram o compromisso com a unidade para enfrentar a agenda da extrema direita, a defesa de uma América Latina livre de bases militares e a promoção de paz, alternativas sustentáveis, unidade e fortalecimento da democracia na região. Foto: Naira Leal

Residência Artística NORTEAR abre duas chamadas em parceria com a Cúpula dos Povos Rumo à COP30

A Faculdade de Artes Visuais e o Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Pará (FAV/UFPA) abriram inscrições para a 4ª edição da Residência Artística NORTEAR, que acontece em parceria com a Cúpula dos Povos Rumo à COP30. Nesta edição, são duas chamadas. Uma é voltada a artistas e realizadores, enquanto a outra é destinada a integrantes de organizações e movimentos da Cúpula que desejam participar como protagonistas dos documentários. As obras finais poderão ser exibidas em mostras artísticas, festivais, encontros acadêmicos e circular em plataformas digitais. As inscrições para artistas seguem abertas até 22 de outubro, para participação na reunião online de apresentação pelo link https://forms.gle/FwxS9EiqVqaqis4v9. Já integrantes de movimentos e organizações da Cúpula podem se inscrever desde já para oferecer depoimentos e compartilhar suas histórias, lutas e projetos, pelo link www.xxx. A Residência NORTEAR é um programa que articula criação artística, audiovisual e pesquisa etnográfica na Amazônia. Nesta edição, o foco será a produção de obras audiovisuais com temáticas ambientais e culturais, em processos de criação compartilhada com povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, agricultores familiares, trabalhadores urbanos e ambientalistas que estarão presentes na Cúpula dos Povos Rumo à COP30, em Belém. Segundo o diretor da FAV, professor Luiz Adriano Daminello, a iniciativa reforça o papel da universidade na promoção de práticas artísticas ligadas ao território e à realidade amazônica.“A Residência NORTEAR é uma oportunidade para que artistas dialoguem com os saberes tradicionais e experimentem processos coletivos de criação. É também um convite a pensar a arte como ferramenta de escuta e tradução das lutas sociais e ambientais na Amazônia”, diz. Ele destaca ainda a relevância da parceria com a Cúpula dos Povos. “Esse diálogo com a Cúpula insere a Residência no contexto de um encontro internacional que terá os povos da Amazônia como protagonistas. É um momento único de troca e de afirmação do papel da arte diante da emergência climática”, aposta. Durante as gravações presenciais, que acontecem de 12 a 16 de novembro, durante a COP30, os realizadores estabelecerão contato direto com os participantes da Cúpula dos Povos, ouvindo suas histórias e lutas, seus projetos, desafios e conquistas. Também serão realizadas visitas a povos tradicionais que desenvolvem projetos ambientais e comunitários em Belém e nas ilhas do entorno. As propostas dos artistas devem prever um processo colaborativo e de troca de experiências com aqueles que estarão presentes nas imagens. Qualquer linguagem audiovisual é permitida, como ficção, documentário, videoarte ou experimental. Os temas podem abordar diferentes aspectos relacionados às mudanças climáticas e seus efeitos nas sociedades. As obras audiovisuais terão direitos autorais compartilhados entre realizadores e participantes, consolidando o caráter colaborativo do projeto. O processo será dividido em duas etapas:· Etapa online (27 de outubro a 7 de novembro): encontros virtuais de criação, planejamento e pré-produção, com acompanhamento de profissionais do audiovisual e diálogo com integrantes da Cúpula dos Povos.· Etapa presencial (12 a 16 de novembro): filmagens em Belém e nas ilhas do entorno, durante a realização da Cúpula dos Povos – COP30. Se você é artista, inscreva-se até dia 22 de outubro pelo link: https://forms.gle/FwxS9EiqVqaqis4v9 Se você é integrante da Cúpula dos Povos, inscreva-se pelo link: https://forms.gle/cjjyQANp7NRvvaNS6 Para mais informações, envie email para suportenortear2025@gmail.com

“A Cúpula dos Povos será um dos grandes momentos da COP30”, afirma Márcio Macêdo em visita à Casa da Cúpula dos Povos

Belém (PA) – O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, afirmou nesta quinta-feira, 02, que a Cúpula dos Povos será um dos marcos mais importantes da COP30. Ele defendeu que não existe política pública sustentável se não tiver participação popular. A declaração foi feita durante visita à Casa da Cúpula dos Povos, em Belém, onde o ministro se reuniu com movimentos sociais, organizações da sociedade civil e redes que constroem a Cúpula dos Povos rumo à COP30. O ministro disse que o governo e os movimentos populares dividem os objetivos, embora cada um utilize ferramentas diferentes para alcança-los. Isso porque reconhecem que a participação social é fundamental para a democracia e eficiência de uma política pública. “A Cúpula dos Povos será um dos grandes momentos da COP30. Nós estamos realizando a COP na maior democracia dos povos e não se tem políticas públicas sustentáveis se não tiver a participação social. Com certeza, nós vamos construir juntos, a várias mãos, a COP30, que vai ser a COP com a maior participação social da história”, disse o ministro. Ao afirmar a importância da Cúpula e anunciar maior aporte do governo na garantia de infraestrutura e na intermediação junto aos órgãos, governos e ONU, Márcio Macêdo ressaltou que a Cúpula será um momento decisivo de fortalecimento da democracia direta, de proposição das teses do povo e do movimento social organizado, para que países e estados nacionais possam implementar essas propostas em suas políticas públicas. Ao defender e pautar o diálogo com o governo, a Cúpula dos Povos entende que essa abertura é possível porque os movimentos reconhecem que estão lidando com o campo democrático representado pelo governo Lula. E que mesmo reunindo uma diversidade de movimentos e pautas, a articulação é categórica quanto a não haver espaço de diálogo com a extrema-direita, em ideias que não sejam progressistas. “Nós, na Cúpula, colocamos que nós temos sim convergências, como a defesa da democracia, o posicionamento do governo Lula de ser contra as guerras, ao fim do genocídio da Palestina, a soberania nacional, a agenda climática e ambiental”, pontuou Júlia Martins, liderança do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM). O encontro teve como objetivo fortalecer o diálogo para garantir que as demandas históricas dos movimentos relacionadas ao enfrentamento à crise climática sejam efetivamente incorporadas à agenda pública do clima no Brasil e defendidas pelo país nos espaços internacionais de negociação, onde o Brasil tem assumido papel relevante de liderança. Soluções reais – As organizações presentes enfatizaram que é preciso incorporar as experiências e percepções dos povos tradicionais e das periferias rurais e urbanas nas ações, planos e metas de enfrentamento à crise climática. Os movimentos entendem que as soluções reais são aquelas que nascem dos territórios, fortalecem a soberania popular, a justiça climática e a defesa da vida. Já as falsas soluções que promovem a financeirização da natureza, com pacotes corporativos, aprofundam desigualdades e não enfrentam as causas estruturais do problema. Nesse contexto, as lideranças reafirmaram seu caráter como espaço autônomo da sociedade civil e apresentou ao ministro a necessidade urgente de maior apoio às garantias de pleno funcionamento da Cúpula em Belém, de 12 a 16 de novembro, quando são esperadas em torno de 10 mil pessoas em intensa programação composta de plenárias, marcha, barqueata, banquetaço, cúpula das infâncias, atividades culturais e feira de economia popular. O espaço é considerado estratégico para garantir que as vozes da Amazônia, do Brasil e do mundo tenham condições reais de participação no processo de preparação e realização da COP30, evitando que apenas as corporações consigam se fazer ouvir. Durante a reunião com o ministro, Júlia Martins também pontou a necessidade do governo articular medidas de segurança dos participantes, garantindo que o espaço da COP siga plural e comprometido com a justiça social e climática.

Delegação da Cúpula dos Povos consolida alianças internacionais no Fórum Nyéléni

A Cúpula dos Povos rumo à COP30 marcou presença no Fórum Global Nyéléni, realizado em Kandy, Sri Lanka, consolidando um acordo político para que a agenda do Fórum seja apresentada em Belém, em novembro. A participação da delegação representou um passo decisivo na articulação internacional para fortalecer as lutas dos povos e movimentos sociais neste marco histórico que será a Cúpula dos Povos, de 12 a 16 de novembro de 2025. A delegação esteve presente em reuniões com o Comitê de Pilotagem Global do Fórum e em outros espaços de debate. Integraram o grupo Ivan Gonzales (Confederação Sindical de Trabalhadores/as das Américas – CSA), Anderson Amaro (Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA / Via Campesina), Líder Góngora (World Forum of Fisher Peoples – WFFP), Bruno Prada (Articulação Nacional de Agroecologia – ANA), Kirtana Chandrasekaran (Amigos da Terra International), Sophie Ogutu e Sarah Moreira (Marcha Mundial das Mulheres). Para Bruno Prada, da Articulação Nacional de Agroecologia, o Fórum Nyéléni foi um espaço estratégico de convergência das lutas populares. “O Fórum Nyéléni representou um espaço importante para a construção de ações de convergência dos movimentos sociais em torno dos temas da soberania alimentar, agroecologia, justiça climática, transição justa e feminismo, para transformar o sistema capitalista, patriarcal, colonialista, racista e LGBTfóbico em que vivemos. Nosso processo coletivo de construção de convergência nos mostra que somente juntxs poderemos construir uma sociedade mais justa, igualitária e livre, com respeito à natureza”, avaliou. Diretamente de Sri Lanka, Líder Góngora Farías, representante dos Povos do Mangue e do Mar no WFFP, reforçou a centralidade da unidade dos povos na defesa dos direitos humanos e frente à crise climática. “Desde todos os cantos do mundo levantamos a voz em Belém do Pará: povos e movimentos sociais unidos pela justiça climática, a defesa dos direitos humanos e a paz global. De 10 a 16 de novembro de 2025, somemos nossas vozes na Cúpula dos Povos para deter o aquecimento global e mostrar que a unidade é nossa força”, convocou. Já Ivan Gonzales, coordenador político da Confederação Sindical das Américas (CSA), destacou o papel do Fórum Nyéléni como espaço estratégico para a agenda global. “O Fórum de Nyéléni é um espaço importante para promover o que estamos construindo como Cúpula dos Povos rumo à COP. Permite construir diálogos, nutrir os eixos da Cúpula e articular sua construção, vinculando-se também ao debate internacional. Em especial, reafirma a necessidade de mudar a lógica de exploração e acumulação de riqueza baseada nos combustíveis fósseis, na agricultura intensiva, no agronegócio e na pesca industrial irracional, que impactam diretamente a vida no campo e na cidade”, pontuou. A participação da delegação no Fórum é uma estratégia de fortalecimento dos processos políticos contínuos de alianças nacionais e internacionais. Os diálogos travados nesses espaços, com a diversidade de representações e países, alimentam as sínteses políticas e a mobilização para o 15 de novembro – Dia de Ação Global por Justiça Climática, que contará com manifestações em todo o mundo e culminará na grande marcha em Belém. Dessa forma, a presença da Cúpula no Fórum Nyéléni reforça a importância de alianças internacionais na construção de um processo coletivo de resistência e mobilização global, preparando o caminho para novembro, quando povos, comunidades e organizações do mundo inteiro se encontrarão em Belém para tecer propostas e fortalecer lutas comuns.

Manifesto dos Povos do Mangue e do Mar ecoa no Fórum Mundial de Nyéléni

“Desde a maternidade dos mares e oceanos, o mangue” foram as palavras com as quais iniciou sua intervenção o dirigente dos Povos do Mangue e do Mar, Líder Góngora Farías, em representação da Redmanglar Internacional e do Fórum Mundial de Povos Pescadores e Catadores (WFFP). Essa mensagem, carregada de memória, força e esperança, marcou a participação ativa de nossas delegações no Fórum e permitiu que a pesca e a coleta artesanal se posicionassem com dignidade como verdadeiros “espaços de vida” na agenda internacional. Nossa liderança coletiva demonstrou que não somos atores marginais, mas sim povos milenares — negros, cholos, montubios, indígenas e comunidades costeiras — que habitamos e cuidamos do Pacífico Sul há mais de 10.000 anos antes de Cristo. Somos guardiões de mares, rios, manguezais e costas, e protagonistas na defesa dos bens comuns. Da mesma forma, lembramos ao mundo uma verdade irrefutável: as mulheres catadoras de mariscos representam cerca de 50% do setor da pesca artesanal, segundo a FAO, e sua visibilização é um direito histórico que não pode continuar sendo negado. Manifesto dos Povos do Mangue e do Mar Neste Fórum Mundial declaramos: Exigimos o reconhecimento de nossos maritórios como territórios de vida, onde mar e comunidade se entrelaçam. Denunciamos a “economia azul”, a pesca industrial, a aquicultura intensiva e a conservação imposta, que geram espoliação, violência e destruição. Defendemos soluções comunitárias: restaurar manguezais e recifes, garantir o pescado e os mariscos como alimento, proteger a vida e não o mercado. Reafirmamos que as mulheres são cuidadoras e decisoras, e devem ser plenamente incluídas nas instâncias de poder e decisão. Demandamos justiça climática e energética, assim como solidariedade com todos os povos que enfrentam militarização, racismo e espoliação, desde a Palestina até as comunidades costeiras do mundo. Neste Fórum colocamos nossas vozes, lutas e propostas para que sejam ouvidas no cenário internacional. Não saímos invisibilizados: saímos fortalecidos, unidos e com o compromisso de seguir defendendo mares, rios, manguezais e costas como bens comuns para o presente e o futuro. “Desde a maternidade do mangue seguimos tecendo vida, resistência e esperança para todos os povos do mar.” Reprodução do Fórum Global Nyéléni